Almejava ter um microfone potente, que pudesse alcançar todos os lugares e todas as pessoas simultaneamente, e assim captar de cada uma delas uma mensagem diferente.
Faria uma enquete com crianças, adolescentes, jovens e adultos, mas sem citar as fontes. Uma entrevista exclusiva com o mesmo tema. As respostas serviriam como um release endereçado ao mundo. Um pingue-pongue de uma única pergunta para encontrar respostas a tanta frieza, indiferença e tédio que assolam os filhos de Deus espalhados por cidades, ruas e praças do mundo inteiro. Uma matéria fria sem deadline para tanta angústia e lamento de um povo que chora muito e ri pouco.
Faria uma enquete com crianças, adolescentes, jovens e adultos, mas sem citar as fontes. Uma entrevista exclusiva com o mesmo tema. As respostas serviriam como um release endereçado ao mundo. Um pingue-pongue de uma única pergunta para encontrar respostas a tanta frieza, indiferença e tédio que assolam os filhos de Deus espalhados por cidades, ruas e praças do mundo inteiro. Uma matéria fria sem deadline para tanta angústia e lamento de um povo que chora muito e ri pouco.
Com o poder de entrevistador, voltaria o microfone ao rostinho do menino abandonado na rua e perguntaria: - por quê? A resposta balbuciada e inocente, não poderia ser diferente, viria como um jargão “Por falta de amor"! Pelos desentendimentos entre meus pais, reflexos das pessoas omissas que preferem amar coisas.
Obterem bens materiais, mansões, carrões, muita terra. Gente que adora viver e comentar as fofocas da classe média refletida na novela das oito , nas banalidades do “Big Brother Brasil”, notícias dos escândalos financeiros com dinheiro na cueca, nas meias, na bolsa, no paraíso fiscal... Pessoas preocupadas que só dedicam carinho e veneram seus animais de estimação em detrimento do ser humano. Cães e gatos são tratados com muito mais respeito que um filho de Deus. São periódicamente levados ao veterinário, alimentados com ração especial, amestrados (não que os animais não devam ser bem cuidados, mas há muitas crianças que estão abandonadas, sem esperanças, sem educação e sem os devidos cuidados, muitas vezes se quer têm uma roupa ou um calçado descente). O animal tem "pedigree" e pode ser comprado na feira. Porque é muito mais fácil adotar um cachorro do que uma criança.
Ainda não satisfeito, chamaria o adolescente na fase de transição de criança para adulto, fase em que a alteração hormonal lhe provoca uma revolução sentimental como contestações rejeição de conceitos e valores e respeitosamente repetiria a pergunta. Sem pestanejar, a sua resposta viria em tom de protesto: "Por falta de amor"! Os adultos não compreendem os adolescentes, não entendem que precisamos conversar, trocar idéias, mudar as coisas. Há uma transformação natural em nossa cabeça e em nosso corpo e isso nos assusta, mas ninguém quer papo com adolescentes. E os valores que aí estão não servem para nos ajudar a entender essas mudanças. A revolta em nossa mente é a preocupação e o conflito em busca de valores para termos como baliza. E que encontramos? Famílias desajustadas, autoridades corruptas, falsos líderes, violência... E então ficamos perdidos e muitas vezes acabamos optando pela fuga nos vícios e nas drogas.
Na busca da resposta ideal, entrevistaria o jovem. Na corrida pela obtenção do emprego, meio desesperado, sua resposta para a 'mesma pergunta seria: “Por falta de amor"! E por que falta também o bom-senso a maioria dos adultos não analisa o rumo da história, os sinais do tempo nem quem são os candidatos políticos no passado e no presente. Não procuram saber suas ideologias, seus comprometimentos sociais, se os seus partidos tinham ou não propostas de mudança social na busca do bem comum.
Esquecem que Político a gente conhece pelo seu passado e pelo compromisso e não pelo que diz a televisão. Pela baixa qualidade do ensino público e por não conseguir pagar cursinhos, ficamos excluídos da universidade e por falta de opção, muitos de nos se entregam às drogas. E o que é pior, muitos jovens se deixaram seduzir pelos traficantes, pois o valor que eles pagam para transportar as drogas é maior que o mísero salário que recebem por horas a fio de trabalho cansativo... Tudo bem que o preço final seja a própria vida, muitas vezes tirada de forma violenta... mas e daí, quanto vale a vida?”
Já estaria quase satisfeito com a reportagem, mas não poderia deixar de entrevistar um cidadão de mais de sessenta anos, cabisbaixo, trêmulo, andar vagaroso e olhar compenetrado. Ao aproximar o microfone, precisaria formular a pergunta mais alto: - Por quê!? E a resposta viria em tom de desânimo. “Por falta de amor" por falta de respeito e consideração, pagam aos aposentados um salário de fome. Quando não, abandonam-nos em asilos que mais parecem depósitos de velhos. Porém, enquanto nosso salário não dá se quer pra pagar os medicamentos que usamos, alguns privilegiados ganham polpudas somas de forma desonesta geralmente oriunda de dinheiro público desviado freqüentemente da própria previdência.
A essa altura, a reportagem teria de ser interrompida por absoluta falta de tempo. Ao ser levada ao ar, certamente poucas pessoas se importariam com seu conteúdo. E até taxariam-na de pauta-furada, ou simplesmente uma tremenda barriga. Mas a pergunta insistente estaria martelando a consciência dos ouvintes, despertando neles o senso crítico. Para cada segmento da sociedade a pergunta viria naturalmente: por quê? Ou então... Vamos aos nossos comerciais, por favor!




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