quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Homenagem póstuma ao Padre Rafael Busato

Padre Rafael Busato


Em 1.914, nasceu Antonio Álico Busato, o sexto filho de uma prole de onze. De uma família tradicional de Almirante Tamandaré e Colombo, Região Metropolitana de Curitiba. A localidade de Tranqueira, um antigo bairro de Almirante Tamandaré, foi o berço Natal do nosso personagem.
Ordenado Padre no dia 12 de março de 1.938, Rafael teve uma vida de peregrinação como Missionário Passionista, evangelizador, construtor, animador de comunidades e formador de seminaristas. Sua vida foi pautada pelo Carisma da Paixão, fiel aos ensinamentos do Patrono da Congregação, São Paulo da Cruz com ação preferencial pelos pobres e marginalizados, O que lhe rendeu perseguições militares durante o período de exceções. Em âmbito material e espiritual. Faleceu por falência múltipla dos órgãos no dia 20 de setembro de 2002 aos 88 anos de idade e 64 de sacerdócio. Seu corpo foi velado na Paróquia Santa Teresinha de Lisieux, em Guaraituba Colombo – PR, onde viveu os últimos anos da sua vida.
Padre Rafael aos 10 anos de idade. (1º à direita)

Pelos lugares por onde andou, Padre Rafael deixou marcas pelo seu profetismo e capacidade de realizações material e religiosa, Marcou pelas atividades que exerceu e pela forma desapegada com o matrialismo, fundando comunidades e movimentos. Uma pessoa sem cerimônias. Não tinha vergonha de pedir o que estivesse necessitando para a comunidade. Conhecido pelo comercio como o “padre pedinchão”. Sempre determinado e austero nas atividades religiosas, mas com uma doçura e meiguice inigualável quando conversava amistosamente com adultos ou com as crianças.
Paroquianos contam que quando ele decidia almoçar ou jantar na casa de alguém, pegava a lista telefônica e ligava aliatóriamente e perguntava: - “Tem comida nessa casa?” – Se a resposta fosse positiva ele continuava: - “Então venha me buscar!” – Se a resposta fosse negativa, sem se incomodar partia logo para a “próxima vítima”. Uma vez na casa do escolhido, a falta de cerimônia se mantinha. – “Tem alguma coisa pra beber?” – Tomava qualquer bebida que lhe fosse oferecida, mas sua predileção era por “coca light”. Antes da refeição fazia a Oração abençoava os alimentos e completava depois do Amém! – “Bom apetite para quem não o tem, pois eu tenho bastante”.
Sua história de vida e dedicação é conhecida e relembrada por todos os que tiveram a oportunidade de conhecê-lo ou com ele conviverem em comunidades por onde andou.
De família pobre, aos 13 anos de idade perdeu sua mãe e enquanto chorava ao lado do caixão recebeu do pároco, o convite para ser padre, idéia que vinha alimentando há vários anos, motivado pelos missionários que passaram por Colombo. Três meses depois, Álico já fazia parte de um grupo de seminaristas em São Paulo.
Padre Rafael e Padre Gesner

Ao ingressar na Congregação dos padres Passionistas, Álico teve seu nome de batismo modificado, passando a chamar-se:Rafael de Nossa Senhora das Dores. Essa prática de mudar o nome, simbolizava o desprendimento dos bens materiais e de tudo o que havia ocorrido até então, para começar uma vida nova com novos hábitos e valores.
Nos seus 68 anos de sacerdócio desenvolveu inúmeros trabalhos e por onde passou deixou marcas das suas atividades, entre elas, a construção de sete igrejas (templos) e a participação em tarefas importantes como militância nas pastorais sociais, com destaques para a JEC (Juventude Estudantil Católica), JOC (Juventude Operária Católica) e JUC (Juventude Universitária Católica), movimentos que tiveram seu auge no período forte da repressão militar. Esses trabalhos renderam ao Padre Rafael, o título de “padre melancia” (verde por fora, e vermelho por dentro), uma alusão ao comunismo intensamente combatido pela ideologia militar, que reinava nas décadas de 60 a 80.
Chamado a depor no Quarto Regimento de Infantaria de São Paulo, acusado de “liderar grupos subversivos”, livrou-se da prisão por um graduado que o conhecia e lhe defendeu. Esses episódios o animaram e o inspiraram a escrever seu livro cujo titulo seria: MEMÓRIAS DA REVOLUÇÃO, que não chegou a ser lançado.
Pe. Rafael. doente no leito

Tio Rafa (como era tratado carinhosamente pelas crianças e pelos milhares de amigos) é autor do livro: A BICHOLANDIA, lançado em 1.975, que fez um grande sucesso transformando-se em audiovisual.
Em Curitiba, foi o precursor, em 1.957, do movimento conhecido como Equipes de Nossa Senhora, que tem hoje centenas de grupos espalhados pelo Paraná e pelo Brasil, conforme afirmou o engenheiro agrônomo aposentado, Sr. Silvio Galdino de Carvalho Lima, que ajudou a fundar o primeiro grupo na Capital Paranaense.
Padre Rafael viveu seus últimos anos de vida na comunidade Getsêmani, no Bairro Nossa Senhora de Fátima em Colombo, onde foi formador, de dezenas de seminaristas, entre eles alguns sacerdotes hoje.
Afirmava que enquanto conseguisse dobrar os joelhos continuaria na ativa. Sentia-se realizado e feliz por haver escolhido o Celibato, o qual defendeu como imprescindível na vida sacerdotal, dia: “é uma opção de vida, o jovem renuncia a uma esposa, para dedicar-se a uma grande família que é a humanidade, casando-se com a igreja para sempre. Tanto no casamento como no sacerdócio é preciso analisar bem antes de tomar a decisão, para que não haja padres frustrados e nem lares desfeitos. Se tivesse que começar tudo de novo, começaria da mesma forma, como sacerdote”.

Com a saúde abalada, foi perdendo gradativamente algumas funções e lamentava: “As visitas às famílias eram feitas diariamente, com a ajuda de um velho automóvel mas como minha saúde começou a enfraquecer, os médicos me proibiram de dirigir. Restou-me a horta onde me distraía cultivando verduras, mas o sol não me fazia bem e então me proibiram também capinar. Primeiro o volante, depois a enxada ... que mais vão me proibir?”
Padre Rafel até nos últimos meses de sua vida acordava cedo, depois da missa, fazia sua caminhada e passava a maior parte do tempo lendo e assistindo televisão, um telespectador assíduo da Rede Vida e leitor de periódicos, como L’Osservatório Romano e os jornais de circulação local.
Queremos registrar alguns depoimentos (como o do Padre Mauro Sávio abaixo) de sacerdotes que quando seminaristas, conviveram com o Padre Rafael. Colheremos também depoimentos de leigos e leigas que queiram relatar a experiência de vida com o Padre Rafael. Enviem suas narrativas para o endereço eletrônico: osmar.vieira@gmail.com
“Para nós, o Padre Rafael é um paizão, pelo qual temos o maior carinho e respeito, pela sua experiência e dedicação na vida religiosa”, assim definiu o Padre Mauro Sávio, Vigário na Paróquia Santa Teresinha de Lisieux do Guaraituba. “Ele é um grande amigo, sempre preocupado conosco, chamando atenção quando se faz necessário e também elogiando”.
 Por: Osmar Vieira

2 comentários:

  1. Inesquecivel,Padre Rafael conhecido como padre das borboletas,na época eu participava do grupo de jovem joafra na Igreja São Miguel Arcanjo,Padre Rafael gostava da missa dos jovem q na época era muito animada dizia assim:
    "PARECE CABRIDO BERRANDO" sempre animado,mas ás vezes chamava atenção quando necessário,principalmente quando avistava alguém encostado na parede lembro até hoje o jeito que falava:"DESENCOSTE DAÍ Q A PAREDE NÃO CAI,mas para quem não conhecia ficava meio assustado pois a primeira coisa quando chegava era dar um tapa no rosto,Bons tempo aquele tempo que não vou esquecer...SAUDADE ETERNA.
    SUELI.

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  2. Padre Rafael esteve na paroquia Imaculada Conceição nos anos 80 um padre a frente do seu tempo. Na epoca foi o primeiro padre a autorizar o uso de instrumentos de percussão para acompanhar os cantos na missa dos jovens.
    Ele mesmo comprou os instrumentos e autorizou os jovesn a tocar.

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