Na manhã do dia 16 de abril de 2007, os empregados de uma empresa no Bairro Mossunguê em Curitiba foram surpreendidos por um visitante inusitado. E apesar de toda a movimentação de pessoas e veículos a menos de dois metros de distância, a ave permanecia quase inerte. Raras vezes abriu os olhos e mudou de posição.
O Urutau Nyctibius sp é conhecido pelos sertanejos como ave fantasma, por ser muito difícil visualiza-la durante o dia, por possuir a plumagem na mesma cor dos troncos e dos galhos das árvores. Esse disfarce é uma forma de se proteger dos predadores. Durante o dia a ave não tem nenhuma reação. Permanece o tempo todo de olhos fechados e mesmo sendo tocada não se intimida e continua dormindo profundamente, disfarçada de tronco.
tBoca enorme e olhos grandes é inspiradora dos poetas e trovadores sertanejos. Seu canto triste mais parece gemidos condolentes ecoando pela noite.
“Todo mundo dormindo. Só o chochôrro mateiro, que sai de debaixo dos silêncios e um, ô-ô-ô de urutau, muito triste e muito alto”. (J. Guimarães Rosa, 1956: Grande Sertão: Veredas)
E estes versos do folclore amplamente divulgados no Sul do Brasil:
Urutau canta de noite
Afastando a escuridão
Canto-aviso pra morena
Serenata do sertão
Cunhantã esperançosa
Vê nascer sua paixão
Mãe da Lua encantada
Diz a crença popular
Tuas penas têm magia
O teu canto traz luar
Quem possuiu tal simpatia
Faz o coração amar
Não há uma explicação clara para a presença da ave naquele local, pois, geralmente ela pousa em troncos de árvores onde fica perfeitamente camuflada e protegida. Possivelmente tenha sido atraída por insetos que sobrevoam o local pela forte intensidade das luzes. Como prefere não se locomover durante o dia acabou pousando em um totem aguardando a chegada da noite para alçar vôo.
Coincidência?
Na manhã do dia seguinte (17) um urutau, com as mesmas características foi visto e fotografado por uma funcionária da Infraero no Aeroporto Afonso Pena. Seria a mesma ave? Ela estaria de passagem pela Capital Paranaense? Quem sabe?
Texto e imagens: Osmar Vieira
Obs.: As duas últimas imagens foram registradas por uma bióloga da Infraero
Nenhum comentário:
Postar um comentário