domingo, 17 de outubro de 2010

Uso da Religião para fins eleitoreiros

O texto abaixo foi enviado por um amigo, colega e cristão, pelo qual tenho profundo respeito e admiração; indignado pela forma como os politiqueiros aproveitam as oportunidades para promoverem a demagogia.

"Vamos respeitar a Igreja?
Perplexidade.  Esta é talvez a palavra que melhor exprime o meu estado de espírito (e creio que também o de muita gente) em face da atitude de alguns padres (e até bispos!) de minha igreja em relação ao nosso atual momento político. São manifestações públicas que, dada a posição dessas pessoas no contexto social, ultrapassam a linha da irresponsabilidade.  Além disso, vimos pela TV no último dia 12, em Aparecida, momentos de verdadeiro exercício de mistificação, de hipocrisia de um grupo de políticos, em plena festa da Padroeira do Brasil.  Inaceitável!  Cabe indagar se a alegada questão da descriminalização do aborto é o único e supremo critério para distinguir joio de trigo na seara do Cristianismo;  e qual a garantia de que no grupo “do bem” a visão sobre esse problema coincide de verdade com a da Igreja.  Está tudo muito estranho.  Quer se trate de pura ingenuidade, de má-fé ou de visão estreita da realidade, são todos atributos incompatíveis com a missão de um orientador de espíritos.  Que, para basear sua tomada de posição, deveria considerar também - e com o mesmo zelo - as tantas outras questões de enorme peso moral que aí estão, como por exemplo a inegável e persistente “violência institucionalizada” (que saudade de dom Hélder!) que tanto oprime nossos humildes,  e pela qual o mencionado grupo político é historicamente responsável.
Estou convencido de que os católicos brasileiros necessitam urgentemente de uma palavra sobre o assunto proferida pela nossa respeitável CNBB. Quem crê na sacralidade do catolicismo e reverencia seus dois mil anos de história não pode aceitar uma situação que possibilita confundir sua ação pastoral com os métodos de manipulação de consciências empregados pelas seitas que pululam pelas periferias do país, sob a batuta de dirigentes movidos a fanatismo, obscurantismo e dinheiro... E basta consultar os jornais e revistas para comprovar que essa confusão, infelizmente, é hoje uma realidade". 

Udovaldo Jacques Eid

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Homenagem póstuma ao Padre Rafael Busato

Padre Rafael Busato


Em 1.914, nasceu Antonio Álico Busato, o sexto filho de uma prole de onze. De uma família tradicional de Almirante Tamandaré e Colombo, Região Metropolitana de Curitiba. A localidade de Tranqueira, um antigo bairro de Almirante Tamandaré, foi o berço Natal do nosso personagem.
Ordenado Padre no dia 12 de março de 1.938, Rafael teve uma vida de peregrinação como Missionário Passionista, evangelizador, construtor, animador de comunidades e formador de seminaristas. Sua vida foi pautada pelo Carisma da Paixão, fiel aos ensinamentos do Patrono da Congregação, São Paulo da Cruz com ação preferencial pelos pobres e marginalizados, O que lhe rendeu perseguições militares durante o período de exceções. Em âmbito material e espiritual. Faleceu por falência múltipla dos órgãos no dia 20 de setembro de 2002 aos 88 anos de idade e 64 de sacerdócio. Seu corpo foi velado na Paróquia Santa Teresinha de Lisieux, em Guaraituba Colombo – PR, onde viveu os últimos anos da sua vida.
Padre Rafael aos 10 anos de idade. (1º à direita)

Pelos lugares por onde andou, Padre Rafael deixou marcas pelo seu profetismo e capacidade de realizações material e religiosa, Marcou pelas atividades que exerceu e pela forma desapegada com o matrialismo, fundando comunidades e movimentos. Uma pessoa sem cerimônias. Não tinha vergonha de pedir o que estivesse necessitando para a comunidade. Conhecido pelo comercio como o “padre pedinchão”. Sempre determinado e austero nas atividades religiosas, mas com uma doçura e meiguice inigualável quando conversava amistosamente com adultos ou com as crianças.
Paroquianos contam que quando ele decidia almoçar ou jantar na casa de alguém, pegava a lista telefônica e ligava aliatóriamente e perguntava: - “Tem comida nessa casa?” – Se a resposta fosse positiva ele continuava: - “Então venha me buscar!” – Se a resposta fosse negativa, sem se incomodar partia logo para a “próxima vítima”. Uma vez na casa do escolhido, a falta de cerimônia se mantinha. – “Tem alguma coisa pra beber?” – Tomava qualquer bebida que lhe fosse oferecida, mas sua predileção era por “coca light”. Antes da refeição fazia a Oração abençoava os alimentos e completava depois do Amém! – “Bom apetite para quem não o tem, pois eu tenho bastante”.
Sua história de vida e dedicação é conhecida e relembrada por todos os que tiveram a oportunidade de conhecê-lo ou com ele conviverem em comunidades por onde andou.
De família pobre, aos 13 anos de idade perdeu sua mãe e enquanto chorava ao lado do caixão recebeu do pároco, o convite para ser padre, idéia que vinha alimentando há vários anos, motivado pelos missionários que passaram por Colombo. Três meses depois, Álico já fazia parte de um grupo de seminaristas em São Paulo.
Padre Rafael e Padre Gesner

Ao ingressar na Congregação dos padres Passionistas, Álico teve seu nome de batismo modificado, passando a chamar-se:Rafael de Nossa Senhora das Dores. Essa prática de mudar o nome, simbolizava o desprendimento dos bens materiais e de tudo o que havia ocorrido até então, para começar uma vida nova com novos hábitos e valores.
Nos seus 68 anos de sacerdócio desenvolveu inúmeros trabalhos e por onde passou deixou marcas das suas atividades, entre elas, a construção de sete igrejas (templos) e a participação em tarefas importantes como militância nas pastorais sociais, com destaques para a JEC (Juventude Estudantil Católica), JOC (Juventude Operária Católica) e JUC (Juventude Universitária Católica), movimentos que tiveram seu auge no período forte da repressão militar. Esses trabalhos renderam ao Padre Rafael, o título de “padre melancia” (verde por fora, e vermelho por dentro), uma alusão ao comunismo intensamente combatido pela ideologia militar, que reinava nas décadas de 60 a 80.
Chamado a depor no Quarto Regimento de Infantaria de São Paulo, acusado de “liderar grupos subversivos”, livrou-se da prisão por um graduado que o conhecia e lhe defendeu. Esses episódios o animaram e o inspiraram a escrever seu livro cujo titulo seria: MEMÓRIAS DA REVOLUÇÃO, que não chegou a ser lançado.
Pe. Rafael. doente no leito

Tio Rafa (como era tratado carinhosamente pelas crianças e pelos milhares de amigos) é autor do livro: A BICHOLANDIA, lançado em 1.975, que fez um grande sucesso transformando-se em audiovisual.
Em Curitiba, foi o precursor, em 1.957, do movimento conhecido como Equipes de Nossa Senhora, que tem hoje centenas de grupos espalhados pelo Paraná e pelo Brasil, conforme afirmou o engenheiro agrônomo aposentado, Sr. Silvio Galdino de Carvalho Lima, que ajudou a fundar o primeiro grupo na Capital Paranaense.
Padre Rafael viveu seus últimos anos de vida na comunidade Getsêmani, no Bairro Nossa Senhora de Fátima em Colombo, onde foi formador, de dezenas de seminaristas, entre eles alguns sacerdotes hoje.
Afirmava que enquanto conseguisse dobrar os joelhos continuaria na ativa. Sentia-se realizado e feliz por haver escolhido o Celibato, o qual defendeu como imprescindível na vida sacerdotal, dia: “é uma opção de vida, o jovem renuncia a uma esposa, para dedicar-se a uma grande família que é a humanidade, casando-se com a igreja para sempre. Tanto no casamento como no sacerdócio é preciso analisar bem antes de tomar a decisão, para que não haja padres frustrados e nem lares desfeitos. Se tivesse que começar tudo de novo, começaria da mesma forma, como sacerdote”.

Com a saúde abalada, foi perdendo gradativamente algumas funções e lamentava: “As visitas às famílias eram feitas diariamente, com a ajuda de um velho automóvel mas como minha saúde começou a enfraquecer, os médicos me proibiram de dirigir. Restou-me a horta onde me distraía cultivando verduras, mas o sol não me fazia bem e então me proibiram também capinar. Primeiro o volante, depois a enxada ... que mais vão me proibir?”
Padre Rafel até nos últimos meses de sua vida acordava cedo, depois da missa, fazia sua caminhada e passava a maior parte do tempo lendo e assistindo televisão, um telespectador assíduo da Rede Vida e leitor de periódicos, como L’Osservatório Romano e os jornais de circulação local.
Queremos registrar alguns depoimentos (como o do Padre Mauro Sávio abaixo) de sacerdotes que quando seminaristas, conviveram com o Padre Rafael. Colheremos também depoimentos de leigos e leigas que queiram relatar a experiência de vida com o Padre Rafael. Enviem suas narrativas para o endereço eletrônico: osmar.vieira@gmail.com
“Para nós, o Padre Rafael é um paizão, pelo qual temos o maior carinho e respeito, pela sua experiência e dedicação na vida religiosa”, assim definiu o Padre Mauro Sávio, Vigário na Paróquia Santa Teresinha de Lisieux do Guaraituba. “Ele é um grande amigo, sempre preocupado conosco, chamando atenção quando se faz necessário e também elogiando”.
 Por: Osmar Vieira

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Menina nasce no banco traseiro de um fusca

 

Este fusca foi o berço da menina no colo da mãe.
Madrugada do dia 31 de outubro de 1981. Usina Júlio de Mesquita Filho, município de Cruzeiro do Iguaçu - Sudoeste do Paraná.
Sua esposa grávida de sete meses o acordou reclamando que sentia fortes dores. Rapidamente levantou-se foi até o alojamento, a cerca de 500 metros e de lá telefonou ao o administrador pedindo-lhe um carro com motorista para levá-la ao hospital em Francisco Beltrão, onde ela fazia o pré-natal. O objetivo era apenas consultar ao médico para saber se havia alguma anormalidade.
O Beto era o motorista que conduziria o casal ao hospital. Na cidade de Francisco Beltão. Tirálo eda cama, este ir ao setor de transportes, apanhar e abastecer o “fusca”, se passaram mais de uma hora. Finalmente por volta das quatro da manhã estavam a caminho de Francisco Beltrão distante uns 80km. Quando passavam pela localidade de Vista Alegre, a bolsa de liquido amniótico se rompeu e ele ouviu da esposa a frase que o deixou muito preocupado: -
“Pai, a bolsa estourou!”.
A menina cresceu e está casada desde 2003
 Pediu ao motorista que estacionasse o carro imediatamente no acostamento, passou para o banco de traz e percebeu que o neném começou a nascer. O que fazer numa situação dessas? Ele conta como agiu naquele momento decisivo. – “valeu naquela hora as instruções que eu tive um dia antes na aula de biologia de segundo grau que cursava em Quedas do Iguaçu. Não sei por que razão, mas a professora falava sobre parto, quando me acorreu de perguntar se haveria algum problema, por ocasião de um parto, se a criança ficasse muito tempo após o nascimento, conectada pelo cordão umbilical. – Sim, disse a professora – Se a criança ficar em desnível abaixo da mãe, poderá receber uma quantidade excessiva de sangue... Se ficar acima do nível da mãe o fluxo sangüíneo deixará a criança sem sangue, porém, se estiverem no mesmo nível por um determinado tempo não haverá problemas”.
 A informação foi providencial e posta em prática imediatamente. O que se via no banco de traz, era uma mulher sentada e recostada na lataria e um pai acocorado segurando um bebê que nasceu prematuro, sem chorar, mas respirando normalmente.
  Conta o pai, que como estava escuro, não dava pra saber se o neném estava vivo ou não, pois não chorou. A única manifestação de vida era a respiração que o pai auscultava constantemente e lhe parecia normal. Somente quando se aproximaram do centro da cidade sob a iluminação dos postes o pai percebeu que era uma menina, piscava e chupava o dedinho.
 Dois dias depois, a pequena e a mãe já estava de volta no mesmo fusca da empresa que serviu de berço natal.
Texto e imagens: Osmar Vieira

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Passageiros da agonia discutem o juizo final


Especula-se, o que fazer enquanto não chega o fim do mundo?

Jardim Monza
        No ônibus dá para se ter uma noção do tamanho da consciência crítica das pessoas.
Por morar em uma cidade dormitório, toda a manhã tomava o ônibus no ponto inicial do bairro. Isso lhe rendia a vantagem de poder ir sentado e até escolher o banco. Normalmente o da terceira fileira ao lado direito, na janela. Como ali sacoleja menos, por estar próximo ao eixo dianteiro, aproveitava para ler ou ouvir noticias no rádio com o fone no ouvido.
        Numa dessas manhãs, ocupou o lugar de costume e começou a ler uma revista semanal que havia recebido no dia anterior. O coletivo lotava a cada parada. Já no segundo ponto estava com todos os bancos ocupados e muita gente em pé. Na primeira fila atrás de si, sentaram-se duas jovens com idade aparentando entre dezoito e vinte e dois anos. A conversa das duas chamou a atenção dos passageiros vizinhos, pois falavam alto e gesticulavam como se estivessem se engalfinhando. Pelo que pode entender uma delas era atuante de uma denominação religiosa e a outra fora no passado, e agora estava “desviada”, mas com vontade de retomar a religião.

        O tema da conversa das duas, que supostamente teve início no ponto de ônibus, girava em torno do “juízo final”. Com ânimos acirrados ambas pareciam “conhecedoras” de parte da bíblia de forma fundamentalista. Discutiam como seria no dia do juízo final. Argumentavam pontos de vistas contraditórios e em determinado momento por pouco não se agrediram. A primeira dizia que no dia do juízo final, todos se levantariam vivos e mortos, para glorificar ao Senhor. A Segunda garantia que não se levantariam, mas se prostrariam de joelhos.
                Ridículo o fato de passarem um tempo enorme discutindo uma fantasia que poderá ou não acontecer desta ou daquela forma. É pior que discutir futebol, ao menos este é real e se pode argumentar e até interagir.
Atividades com crianças - Jardim Ana Terra
        Seres humanos brigam por futilidades e deixam temas  importantes em segundo plano. No ônibus dá para se ter uma noção do tamanho da consciência crítica das pessoas. O assunto que se ouve por todo lado, em tese, é o último capítulo da novela das oito, que geralmente começa as nove. O resultado do jogo da noite anterior ou o último “herói”, segundo Pedro Bial, eliminado do Big Brother. Poucos preferem ler durante a viagem e em suas mãos é notória a presença dos jornais cujas manchetes estampam os crimes mais hediondos. Segundo alguns leitores, se espremer estes jornais vertem sangue, dado ao grau de violência que veiculam.
Crianças nativas
Ficava indignado com o comportamento dos passageiros da agonia e se perguntava: Será que não dá para ler, discutir, ver e ouvir assuntos relacionados com o dia-a-dia? Que tal falar dos problemas sociais, que afligem a comunidade, das políticas do governo, da campanha eleitoral que define o tipo de político que assumirá o próximo mandato, das causas do salário baixo, do desemprego, dos meninos e meninas de ruas, das prostitutas...?
        Como se fala, ouve e se vê futilidades. Falta consciência crítica. A impressão que se tem é que as pessoas são dotadas quase que exclusivamente de boca e língua. Poucos se dão ao “desprazer” de ouvir. E quando precisam fazê-lo, seus ouvidos acabam virando pinico. As pessoas ainda não analisaram que, em via de regra, Deus concedeu a todos, dois ouvidos e uma só boca, isso subentende-se que se deve ouvir mais que falar.
        A grande questão que atormenta o juízo de cada um, talvez não seja pelo falar ou ouvir. É que no juízo final, os critérios que Deus usará para julgar os vivos e os mortos sejam pelo que se fez, ou deixou de se fazer, e não pelo que se ouviu ou disse.
Texto e imagens: Osmar Vieira

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Utopia


Almejava ter um microfone potente, que pudesse alcançar todos os lugares e todas as pessoas simultaneamente, e assim captar de cada uma delas uma mensagem diferente. 


Faria uma enquete com crianças, adolescentes, jovens e adultos, mas sem citar as fontes. Uma entrevista exclusiva com o mesmo tema. As respostas serviriam como um release endereçado ao mundo. Um pingue-pongue de uma única pergunta para encontrar respostas a tanta frieza, indiferença e tédio que assolam os filhos de Deus espalhados por cidades, ruas e praças do mundo inteiro. Uma matéria fria sem deadline para tanta angústia e lamento de um povo que chora muito e ri pouco.
         Com o poder de entrevistador, voltaria o microfone ao rostinho do menino abandonado na rua e perguntaria: - por quê? A resposta balbuciada e inocente, não poderia ser diferente, viria como um jargão “Por falta de amor"! Pelos desentendimentos entre meus pais, reflexos das pessoas omissas que preferem amar coisas.

Obterem bens materiais, mansões, carrões, muita terra. Gente que adora viver e comentar as fofocas da classe média refletida na novela das oito , nas banalidades do “Big Brother Brasil”, notícias dos escândalos financeiros com dinheiro na cueca, nas meias, na bolsa, no paraíso fiscal... Pessoas preocupadas que só dedicam carinho e veneram seus animais de estimação em detrimento do ser humano. Cães e gatos são tratados com muito mais respeito que um filho de Deus. São periódicamente levados ao veterinário, alimentados com ração especial, amestrados (não que os animais não devam ser bem cuidados, mas há muitas crianças que estão abandonadas, sem esperanças, sem educação e sem os devidos cuidados, muitas vezes se quer têm uma roupa ou um calçado descente). O animal tem   "pedigree" e pode ser comprado na feira. Porque é muito mais fácil adotar um cachorro do que uma criança.

        Ainda não satisfeito, chamaria o adolescente na fase de transição de criança para adulto, fase em que a alteração hormonal lhe provoca uma revolução sentimental como contestações rejeição de conceitos e valores e respeitosamente repetiria a pergunta. Sem pestanejar, a sua resposta viria em tom de protesto: "Por falta de amor"! Os adultos não compreendem os adolescentes, não entendem que precisamos conversar, trocar idéias, mudar as coisas. Há uma transformação natural em nossa cabeça e em nosso corpo e isso nos assusta, mas ninguém quer papo com adolescentes. E os valores que aí estão não servem para  nos ajudar a entender essas mudanças. A revolta em nossa mente é a preocupação e o conflito em busca de valores para termos como baliza. E que encontramos? Famílias desajustadas, autoridades corruptas, falsos líderes, violência... E então ficamos perdidos e muitas vezes acabamos optando pela fuga nos vícios e nas drogas.
         Na busca da resposta ideal, entrevistaria o jovem. Na corrida pela obtenção do emprego, meio desesperado, sua resposta para a  'mesma pergunta seria: “Por falta de amor"! E por que falta também o bom-senso a maioria dos adultos não analisa o rumo da história, os sinais do tempo nem quem são os candidatos políticos  no passado e no presente. Não procuram saber suas ideologias, seus comprometimentos sociais, se os seus partidos tinham ou não propostas de mudança social na busca do bem comum.

Esquecem que Político a gente conhece pelo seu passado e pelo compromisso e não pelo que diz a televisão. Pela baixa qualidade do ensino público e por não conseguir pagar cursinhos, ficamos excluídos da universidade e por falta de opção, muitos de nos se entregam às drogas. E  o que é pior, muitos jovens se deixaram seduzir pelos traficantes, pois o valor que eles pagam para transportar as drogas é maior que o mísero salário que recebem por horas a fio de trabalho cansativo... Tudo bem que o preço final seja a própria vida, muitas vezes tirada de forma violenta... mas e daí, quanto vale a vida?”
         Já estaria quase satisfeito com a reportagem, mas não poderia deixar de entrevistar um cidadão de mais de sessenta anos, cabisbaixo, trêmulo, andar vagaroso e olhar compenetrado. Ao aproximar o microfone, precisaria formular a pergunta mais alto: - Por quê!? E a resposta viria em tom de desânimo. “Por falta de amor" por falta de respeito e consideração, pagam aos aposentados um salário de fome. Quando não, abandonam-nos em asilos que mais parecem depósitos de velhos. Porém, enquanto nosso salário não dá se quer pra pagar os medicamentos que usamos, alguns privilegiados ganham polpudas somas de forma desonesta geralmente oriunda de dinheiro público desviado freqüentemente da própria previdência.
    A essa altura, a reportagem teria de ser interrompida por absoluta falta de tempo. Ao ser levada ao ar, certamente poucas pessoas se importariam com seu conteúdo. E até taxariam-na de pauta-furada, ou simplesmente uma tremenda barriga. Mas a pergunta insistente estaria martelando a consciência dos ouvintes, despertando neles o senso crítico. Para cada segmento da sociedade a pergunta viria naturalmente: por quê?  Ou então... Vamos aos nossos comerciais, por favor!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Vida e esperança em quatro atos


Quando tudo parece perdido, ainda resta um fio de esperança. Por menor que seja.

Jovem, bonita, charmosa, imponente e perfumada. Cheia de vida, de folhas e de flores tornando mais bonito o ambiente das centenas de pessoas que diariamente chegam ao recinto.
Conhecida popularmente por seus diversos apelidos: Primavera, Três-marias, Buganvília, Buganvile, Sempre-lustrosa, Santa-rita, Ceboleiro, Roseiro, Roseta, Pataguinha, Pau-de-roseira, Flor-de-papel, entre outros.

Primeiro ato
Na sexta-feira 21 de setembro (dia da árvore – chegada da Primavera), ela ostentava seus galhos apontando para o horizonte, toda garbosa, como que acolhendo com ternura os que chegavam ao restaurante no comecinho da estação das flores.
Como diz o jargão: “nem tudo nesta vida são flores”. A natureza tem suas próprias regras e quando a sustentação não é forte o suficiente, os percalços da vida podem trazer grandes surpresas. Isto ocorre com a natureza e afeta os seres de origem animal e vegetal que estão na face da terra. Se os humanos, que raciocinam, prevêem, idealizam, projetam e transformam; usando sua capacidade intelectual para defesa própria e dos semelhantes, às vezes subestimam a força da natureza, um vegetal por mais robusto que possa parecer, está muito mais sujeito às intempéries.

Segundo ato
A noite de sábado 22 de setembro, chegou acompanhada de fortes rajadas de vento investindo impetuosamente sobre a vegetação e em uma dessas, a frondosa Bougainvillea não resistiu e acabou sucumbindo. Embora apoiada por outras vegetações amigas e até mesmo pela estrutura de concreto do prédio, sua ramagem se estatelou no solo, deixando flores espalhadas pela grama.
A altiva planta jazia agora envergonhada, beijando o solo, tronco retorcido e mostrando sem pudor suas raízes que não suportaram a.


Terceiro ato.
Sem chances de recuperar-se e sem forças de reerguer-se, sentindo-se humilhada, não lhe sobrou outra alternativa. Debruçada sobre o solo que sempre a apoiou, aguardava pelo pior. Não demorou muito e o jardineiro munido de um serrote, num vai-e-vem frenético começou a podar-lhes os galhos. Podar dói... dói muito. Mas às vezes é necessário passar por algum momento doloroso, para reavivar as esperanças.
Agora, humildemente recostada à coluna que outrora enfeitava, completamente despida de sua beleza, aguarda com muita esperança que brotem novos rebentos. Isso vai demorar... Refazer-se da dor... demora. Mas esperar é preciso. 

Quarto ato.
Hoje é uma segunda-feira 10 de dezembro de 2007. A Igreja Católica vive o início de mais um Ano Litúrgico. Advento. Tempo de preparação à vinda do Menino Jesus que deve nascer no coração de cada Cristão. Tempo de esperança e conversão. A árvore símbolo do Natal é o pinheiro. Mas, não podemos esquecer a nossa árvore que era linda, foi ao solo, sofreu profundos cortes em suas ramagens... e como que surgindo das cinzas renasce uma nova folhagem... revigorada, fortalecida, como quem quisesse dizer: “eu superei a diversidade... eu vivo”.




Quem sabe, a Bougainvillea nos ensine uma importante lição. A beleza, a riqueza e o orgulho podem facilmente se perderem. A vida está sujeita a muitas intempéries, e a qualquer momento podemos ser podados e sofrer muita dor... dor física ou a dor na alma, quando se refere ao espírito.
E de novo o Jargão: “Qualquer semelhança... não é mera coincidência.”

 Texto e imagens - Osmar Vieira

Urutau fora de casa


Na manhã do dia 16 de abril de 2007, os empregados de uma empresa no Bairro Mossunguê em Curitiba foram surpreendidos por um visitante inusitado. E apesar de toda a movimentação de pessoas e veículos a menos de dois metros de distância, a ave permanecia quase inerte. Raras vezes abriu os olhos e mudou de posição.
    O Urutau Nyctibius sp é conhecido pelos sertanejos como ave fantasma, por ser muito difícil visualiza-la durante o dia, por possuir a plumagem na mesma cor dos troncos e dos galhos das árvores. Esse disfarce é uma forma de se proteger dos predadores. Durante o dia a ave não tem nenhuma reação. Permanece o tempo todo de olhos fechados e mesmo sendo tocada não se intimida e continua dormindo profundamente, disfarçada de tronco.
tBoca enorme e olhos grandes é inspiradora dos poetas e trovadores sertanejos. Seu canto triste mais parece gemidos condolentes ecoando pela noite.

“Todo mundo dormindo. Só o chochôrro mateiro, que sai de debaixo dos silêncios e um, ô-ô-ô de urutau, muito triste e muito alto”. (J. Guimarães Rosa, 1956: Grande Sertão: Veredas)

E estes versos do folclore amplamente divulgados no Sul do Brasil:

Urutau canta de noite
Afastando a escuridão
Canto-aviso pra morena
Serenata do sertão
Cunhantã esperançosa
Vê nascer sua paixão

Mãe da Lua encantada
Diz a crença popular
Tuas penas têm magia
O teu canto traz luar
Quem possuiu tal simpatia
Faz o coração amar
Não há uma explicação clara para a presença da ave naquele local, pois, geralmente ela pousa em troncos de árvores onde fica perfeitamente camuflada e protegida. Possivelmente tenha sido atraída por insetos que sobrevoam o local pela forte intensidade das luzes. Como prefere não se locomover durante o dia acabou pousando em um totem aguardando a chegada da noite para alçar vôo.
Coincidência?
Na manhã do dia seguinte (17) um urutau, com as mesmas características foi visto e fotografado por uma funcionária da Infraero no Aeroporto Afonso Pena. Seria a mesma ave? Ela estaria de passagem pela Capital Paranaense? Quem sabe?
 Texto e imagens: Osmar Vieira
Obs.: As duas últimas imagens foram registradas por uma bióloga da Infraero

De endereço novo

  Depois de três anos de participação no blog: http://osmar.vox.com - fomos surpreendidos pela informação de que o mesmo seria fechado a partir do dia 30 de setembro de 2010. Começou então nossa corrida para salvar todos os arquivos. E olha que o volume era bem elevado. Fizemos o possível para resgatar todo o conteúdo, até então editado. Os textos foram todos recuperados, porém as imagens, muitas delas se perderam pela extensão e pelo volume que certamente não cabem neste.
Toda via, vamos fazer o possível para mantermos um bom nível comunicativo neste veículo novo e desconhecido. O desafio é bom. Esperamos corresponder às nossas expectativas e agradar aos nossos leitores com informações uteis e construtivas.

Sem qualquer pretensão, publicaremos assuntos das mais diversas abordagens. Terão espaços aqui, informações de interesses diversos, mas preferencialmente temas que não seriam divulgados por nenhum veiculo convencional, formal e comercial.

Esperamos que dessa forma, nossos leitores se sintam contemplados com uma leitura agradável, de bom humor e de uma comunicação familiar e amiga. A interação se dará pela troca de mensagens e imagens, limitadas, porém, significativas e interessantes.

Por tanto, contamos com a participação de todos os nossos leitores para fazermos deste espaço, um ambiente informativo, agradável e interativo, independente de raça, credo ou ideologia política. Evidentemente, lançaremos temas polêmicos com o intuito de trocarmos experiências com respeito a todas as diversidades. Como afirmou o grande pedagogo Paulo Freire, nas entre-linhas das dezenas de livros que publicou ao longo de sua existência. - "Não existe o saber mais, nem o saber menos. Existe o saber diferente.".

Até por que, a "verdade absoluta" é relativa. A verdade de um pode ser diferente da verdade do outro, por isso o que vale mesmo é o respeito que devemos ter pelas diferenças que encontramos ao nosso redor.
Sem radicalizar, como encontramos alguns jargões, que à vista de um jornalista experiente, pode parecer demodê, mas, daqui pra frente, "vamos deixar a bola rolar". Se possível, "deixem que eu chute e doa a quem doer".